Europa: Igrejas adventistas da Alemanha e Áustria ''Pedem'' Desculpas Por Ações Durante Holocausto
August 16, 2005 Hannover, Germany .... [Mark A. Kellner/ANN Staff]
August 16, 2005 Hannover, Germany .... [Mark A. Kellner/ANN Staff]
Em função do 60º. aniversário do fim da II Guerra Mundial, os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Alemanha e Áustria emitiram uma declaração expressando que "lamentam profundamente" qualquer participação em atividades nazistas, ou em seu apoio, durante a guerra. As entidades da Igreja "honestamente confessam" a falha "em seguir a Nosso Senhor" por não protegerem os judeus, e outros, do genocídio daquela época, amplamente conhecida como o Holocausto. Milhões de pessoas pereceram de atrocidades da guerra, inclusive mais de seis milhões de judeus que foram exterminados em perseguições nazistas durante o período de 12 anos, entre 1933 e 1945.
A declaração foi inicialmente publicada na edição de maio de 2005 de "AdventEcho", uma revista denominacional em língua alemã, e também aparecerá em outras publicações alemãs, declarou o Pastor Günther Machel, presidente da Igreja Adventista alemã e um dos três signatários da declaração.
Uma cópia da declaração foi fornecida a Yad Vashem, autoridade do Memorial de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto em Israel, acrescentou o Dr. Rolf Pöhler, ex-presidente da área eclesiástica do Norte Alemã, que atua presentemente como consultor teológico, e estava envolvido com a redação da declaração.
"Profundamente lamentamos que o caráter da ditadura Nacional Socialista não havia sido percebida em tempo e de modo suficientemente claro, e a natureza contrária a Deus da ideologia [nazista] não havia sido devidamente identificada", afirma a declaração. A Igreja declara que também lamenta "que em algumas de nossas publicações . . . se encontraram artigos glorificando Adolf Hitler e concordando com a ideologia do anti-semitismo numa forma que é incrível para a perspectiva atual".
Os adventistas do sétimo dia na Alemanha e Áustria recentemente pediram desculpas por qualquer participação nas atividades nazistas, ou em apoio a elas, durante a guerra. A foto é de um cartão de identidade de um adventista de origem judaica que foi eliminado do rol de membros da Igreja na Alemanha Max-Israel Munk, quando os nazistas deram ordem para se fazer tais exclusões. Após sobreviver a prisão em dois campos de concentração, Munk retornou para casa após a guerra e solicitou reintegração como membro, o que lhe foi concedido. [Foto: AdventEcho magazine, Germany]
Os dirigentes da Igreja também expressaram pesar de que "nossos povos se tornaram associados com o fanatismo racial destruidor de vidas e liberdade de 6 milhões de judeus e representantes de minorias por toda a Europa", e que "muitos adventistas do sétimo dia não compartilharam das necessidades e sofrimentos de seus concidadãos judaicos".
Motivo de extremo pesar, indica a declaração, foi que as congregações alemãs e austríacas adventistas "excluíram, alienaram e deixaram [membros da Igreja que eram] . . . de origem judaica entregues a sua própria sorte de modo que terminaram enfrentando prisão, exílio ou morte".
Sob vários decretos raciais, algumas congregações adventistas expulsaram membros de origem judaica. Um deles, Max-Israel Munk, foi colocado em dois campos de concentração pelos nazistas mas sobreviveu e retornou a sua igreja após a guerra. Ele disse que não desejava tratar a sua congregação do modo em que foi tratado, segundo o Dr. Daniel Heinz, um arquivista da Igreja da Universidade Friedensau que estudou as atividades adventistas durante a era do Nacional Socialismo.
Juntamente com o Pastor Machel, os outros líderes que assinaram a declaração foram os pastores Klaus-Jurgen van Treeck, presidente da Igreja para o Norte da Alemanha, e Herbert Brugger, presidente da Igreja Adventista na Áustria. Pöhler e Johannes Hartlapp, historiador da Igreja em Friedensau, redigiu o rascunho em que se baseou a declaração. Todas as três áreas geográficas denominacionais votaram aprovar o texto, esclareceu Pöhler.
Na declaração, os três asseguram que "a obediência que devemos às autoridades estatais não conduzem a renegar convicções e valores bíblicos". Eles disseram que embora somente Deus possa julgar as ações de gerações anteriores, "em nosso tempo, contudo, desejamos assumir uma decidida posição pelo direito e justiça--para com todas as pessoas".
Brugger, numa entrevista telefônica, disse que "os membros de nossa Igreja realmente apreciaram a publicação desse documento".
Ele indicou que foi algo que os membros mais jovens da Igreja "apreciaram muito". Nenhuma indicação de reação da comunidade judaica da Áustria havido sido recebida, mas Brugger disse que a Igreja Adventista não é tão bem conhecida na Áustria como o são outros movimentos.
Indagado como uma Igreja que considera a observância do sábado como uma de suas crenças centrais poderia se esquecer dos judeus observadores do sábado durante um tempo de perseguição, Brugger sugeriu que aquela era uma questão política, não teológica, considerações que podem ter levado à estratégia.
Durante a I Guerra Mundial, uma porção de adventistas alemães afastaram-se da denominação, opondo-se a qualquer serviço militar. Isso levou os nacionais socialistas em 1936 a proibir o chamado "Movimento da Reforma" durante o tempo em que estiveram no poder. Brugger declarou que a preocupação com o fechamento das igrejas adventistas oficiais todas pelos nazistas pode ter pesado sobre os líderes daquela era.
"Creio que durantes aqueles tempos a liderança oficial de nossa Igreja teve medo de perder o controle sobre a Igreja e perder a Igreja porque as autoridades políticas já haviam . . .
[confundido] nossa Igreja com o movimento de Reforma", ele explicou. "Creio que nossos líderes tiveram medo de perder o reconhecimento oficial de nossa Igreja, assim pode ser que não foram tão fiéis a nossas crenças como teria sido necessário".
E acrescentou: "Foi algo mais político do que teológico, tenho certeza".
A principal Igreja Adventista do Sétimo Dia na Alemanha foi também brevemente proibida sob o nazismo, observa Pöhler. Uma rápida reviravolta pelo regime levou a um alívio entre os adventistas, mas também a um nível de cooperação com o governo que não foi salutar.
"Não só mantivemos o silêncio, mas também publicamos coisas que nunca deveríamos ter publicado. Publicamos idéias anti-semíticas que, de nossa própria perspectiva, não eram realmente necessárias", declarou Pöhler numa entrevista telefônica. "Avançamos muitos passos a mais e publicamos coisas que realmente eram anti-semíticas. . . . Desviamo-nos de nosso caminho para mostrar lealdade ao governo [nacional socialista] da Alemanha.
"Tivemos que reconhecer que uma declaração errada, uma ação por uma pessoa poderia significar que findaria num campo de concentração" comentou Pöhler a respeito daquela era. Essa teria sido "a razão por que excluímos adventistas de origem judaica dentre nossos membros: se uma igreja local não tivesse feito isso, [os nazistas] teriam fechado a igreja, levado o ancião para a prisão e teria significado que a Igreja inteira seria proibida.
Embora alguns adventistas europeus hajam tomado medidas corajosas para proteger judeus, outros agiram desse modo por preocupação com suas famílias e congregações. Seria muito difícil alcançar uma pessoa de origem judaica, explicou Pöhler, mas arriscar as vidas dos membros de uma congregação era uma carga adicional. Tal precaução até se refletiu na nomenclatura usada pelos alemães adventistas", ele disse.
"Mudamos o nome de Escola Sabatina para 'Escola Bíblica'-- evitando o nome original "por causa de representar um risco", prosseguiu Pöhler. "Estávamos no perigo de sermos confundidos com os judeus. Ao recusarmos chamá-la de escola sabatina, estabelece-se uma pequena distância entre você e os judeus", aduziu.
O Dr. Daniel Heinz, diretor dos arquivos da denominação na Universidade Adventista de Friedensau, Alemanha, disse que sua pesquisa revelou casos de adventistas que ajudaram judeus durante a guerra, mas também conduziu à descoberta daqueles que agiram de forma menos honrável.
"Os líderes denominacionais se adaptaram e até adotaram algo da ideologia anti-semítica dos nazistas; em alguns casos, fizeram mais do que o necessário para agradar as autoridades [nazistas]. Isto é algo que realmente nos parece estranho", declarou Heinz.
Ao mesmo tempo, ele disse, "sei que muitos membros adventistas, pessoas comuns, ajudaram os judeus, mas nunca falaram a respeito".
Resistência às políticas nazistas, bem como a compassiva e brava resposta de muitos cristãos, entre eles adventistas do sétimo dia, para proteger vidas daqueles que estavam sob perseguição dos nazistas, têm sido documentada por toda a Europa, inclusive Polônia, Hungria, Holanda e Dinamarca, entre outros países.
"Encontro alguns relatos muito impressionantes de adventistas que ajudaram judeus no Terceiro Reich, arriscando suas vidas, e também encontro o oposto", declarou Heinz. Entre outros membros da Igreja, uma família adventista da Letônia acolheu um homem judeu, escondeu-o durante a guerra, e este sobreviveu. O refugiado tornou-se um crente adventista e um pastor da Igreja após o fim da guerra.
Segundo o Pastor Machel, "sessenta anos após a II Guerra Mundial é tarde--mas vemos isto como a última chance para uma declaração".
Tinha havido tentativas anteriores de fazer tais declarações, conquanto isso fosse em grande medida ignorado ou abafado por líderes eclesiásticos que haviam vivido na era nazista e desejavam evitar que a Igreja agisse como "juiz" daqueles que viveram antes. Contudo, em 1988, no 50o. aniversário da "Kristallnacht", ou noite dos vidros quebrados, em 9 de novembro, quando gangues inspiradas pelos nazistas espatifaram as vitrines de comerciantes judeus e violaram sinagogas, a então Igreja Adventista da Alemanha Oriental emitiu uma declaração em sua pequena revista. Em 1989, durante as celebrações do centenário da Igreja Adventista em Hamburgo, o Pastor Erwin Kilian, presidente da Igreja Adventista do norte da Alemanha, referiu-se àquele "negro período" em seu discurso e ofereceu um pedido de perdão de sua iniciativa. Uma breve declaração adicional foi feita em 1995, quando do 50o. aniversário do fim da guerra.
Os jovens adventistas reagiram positivamente às expressões de preocupação e contrição da declaração. Dois adventistas berlinenses disseram terem apreciado a declaração.
"Revelar humildemente nossos pecados e falhas é a coisa mais importante que Deus deseja que façamos", declarou Sara Gehler, de 25 anos. "E embora 60 anos se tenham passado, penso ter sido necessário que nós, adventistas do sétimo dia, tomemos uma posição quanto à Segunda Guerra Mundial", aduziu ela. "É nosso dever como cristãos proteger e ajudar aqueles que são fracos, desajudados e em necessidade".
Julian Müller, de 26 anos, acrescentou: "Penso ser nossa responsabilidade como Igreja confessar nossos erros e não ocultá-los, especialmente quando vidas humanas estão em jogo. . . . Minha esperança é que pelos erros e falhas de nossa igreja, que se passaram desde então, não se esperemos outros 60 anos para adquirirmos coragem de pedir perdão".
A reação de membros da Igreja na região sul da Alemanha, que inclui cidades como Munique e Nurembergue, onde os nacionais socialistas adquiriram grande força, foi "muito positiva", disse o Pastor Machel. "Alguns haviam realmente esperado por tal medida da parte da liderança denominacional".
A declaração foi também muito bem acolhida em muitas igrejas adventistas internacionalmente. "Estava esperando por um texto como esse por muito tempo", declarou o Pastor Richard Elofer, que lidera a obra adventista em Israel. "Eu louvo ao Senhor por tocar os corações de nosso povo na Alemanha e Áustria para produzirem tal declaração".
E o Dr. John Graz, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa para a sede mundial denominacional: "Para aqueles que crêem no amor de Deus para todo membro da família humana, contra qualquer tipo de discriminação tendo por base raça, religião ou gênero, essa declaração, escrita por uma geração que não teve qualquer responsabilidade no Holocausto e na guerra, mas endossa a responsabilidade de seus pais, permanecerá como um marco positivo e grande incentivo".
A declaração foi inicialmente publicada na edição de maio de 2005 de "AdventEcho", uma revista denominacional em língua alemã, e também aparecerá em outras publicações alemãs, declarou o Pastor Günther Machel, presidente da Igreja Adventista alemã e um dos três signatários da declaração.
Uma cópia da declaração foi fornecida a Yad Vashem, autoridade do Memorial de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto em Israel, acrescentou o Dr. Rolf Pöhler, ex-presidente da área eclesiástica do Norte Alemã, que atua presentemente como consultor teológico, e estava envolvido com a redação da declaração.
"Profundamente lamentamos que o caráter da ditadura Nacional Socialista não havia sido percebida em tempo e de modo suficientemente claro, e a natureza contrária a Deus da ideologia [nazista] não havia sido devidamente identificada", afirma a declaração. A Igreja declara que também lamenta "que em algumas de nossas publicações . . . se encontraram artigos glorificando Adolf Hitler e concordando com a ideologia do anti-semitismo numa forma que é incrível para a perspectiva atual".
Os adventistas do sétimo dia na Alemanha e Áustria recentemente pediram desculpas por qualquer participação nas atividades nazistas, ou em apoio a elas, durante a guerra. A foto é de um cartão de identidade de um adventista de origem judaica que foi eliminado do rol de membros da Igreja na Alemanha Max-Israel Munk, quando os nazistas deram ordem para se fazer tais exclusões. Após sobreviver a prisão em dois campos de concentração, Munk retornou para casa após a guerra e solicitou reintegração como membro, o que lhe foi concedido. [Foto: AdventEcho magazine, Germany]
Os dirigentes da Igreja também expressaram pesar de que "nossos povos se tornaram associados com o fanatismo racial destruidor de vidas e liberdade de 6 milhões de judeus e representantes de minorias por toda a Europa", e que "muitos adventistas do sétimo dia não compartilharam das necessidades e sofrimentos de seus concidadãos judaicos".
Motivo de extremo pesar, indica a declaração, foi que as congregações alemãs e austríacas adventistas "excluíram, alienaram e deixaram [membros da Igreja que eram] . . . de origem judaica entregues a sua própria sorte de modo que terminaram enfrentando prisão, exílio ou morte".
Sob vários decretos raciais, algumas congregações adventistas expulsaram membros de origem judaica. Um deles, Max-Israel Munk, foi colocado em dois campos de concentração pelos nazistas mas sobreviveu e retornou a sua igreja após a guerra. Ele disse que não desejava tratar a sua congregação do modo em que foi tratado, segundo o Dr. Daniel Heinz, um arquivista da Igreja da Universidade Friedensau que estudou as atividades adventistas durante a era do Nacional Socialismo.
Juntamente com o Pastor Machel, os outros líderes que assinaram a declaração foram os pastores Klaus-Jurgen van Treeck, presidente da Igreja para o Norte da Alemanha, e Herbert Brugger, presidente da Igreja Adventista na Áustria. Pöhler e Johannes Hartlapp, historiador da Igreja em Friedensau, redigiu o rascunho em que se baseou a declaração. Todas as três áreas geográficas denominacionais votaram aprovar o texto, esclareceu Pöhler.
Na declaração, os três asseguram que "a obediência que devemos às autoridades estatais não conduzem a renegar convicções e valores bíblicos". Eles disseram que embora somente Deus possa julgar as ações de gerações anteriores, "em nosso tempo, contudo, desejamos assumir uma decidida posição pelo direito e justiça--para com todas as pessoas".
Brugger, numa entrevista telefônica, disse que "os membros de nossa Igreja realmente apreciaram a publicação desse documento".
Ele indicou que foi algo que os membros mais jovens da Igreja "apreciaram muito". Nenhuma indicação de reação da comunidade judaica da Áustria havido sido recebida, mas Brugger disse que a Igreja Adventista não é tão bem conhecida na Áustria como o são outros movimentos.
Indagado como uma Igreja que considera a observância do sábado como uma de suas crenças centrais poderia se esquecer dos judeus observadores do sábado durante um tempo de perseguição, Brugger sugeriu que aquela era uma questão política, não teológica, considerações que podem ter levado à estratégia.
Durante a I Guerra Mundial, uma porção de adventistas alemães afastaram-se da denominação, opondo-se a qualquer serviço militar. Isso levou os nacionais socialistas em 1936 a proibir o chamado "Movimento da Reforma" durante o tempo em que estiveram no poder. Brugger declarou que a preocupação com o fechamento das igrejas adventistas oficiais todas pelos nazistas pode ter pesado sobre os líderes daquela era.
"Creio que durantes aqueles tempos a liderança oficial de nossa Igreja teve medo de perder o controle sobre a Igreja e perder a Igreja porque as autoridades políticas já haviam . . .
[confundido] nossa Igreja com o movimento de Reforma", ele explicou. "Creio que nossos líderes tiveram medo de perder o reconhecimento oficial de nossa Igreja, assim pode ser que não foram tão fiéis a nossas crenças como teria sido necessário".
E acrescentou: "Foi algo mais político do que teológico, tenho certeza".
A principal Igreja Adventista do Sétimo Dia na Alemanha foi também brevemente proibida sob o nazismo, observa Pöhler. Uma rápida reviravolta pelo regime levou a um alívio entre os adventistas, mas também a um nível de cooperação com o governo que não foi salutar.
"Não só mantivemos o silêncio, mas também publicamos coisas que nunca deveríamos ter publicado. Publicamos idéias anti-semíticas que, de nossa própria perspectiva, não eram realmente necessárias", declarou Pöhler numa entrevista telefônica. "Avançamos muitos passos a mais e publicamos coisas que realmente eram anti-semíticas. . . . Desviamo-nos de nosso caminho para mostrar lealdade ao governo [nacional socialista] da Alemanha.
"Tivemos que reconhecer que uma declaração errada, uma ação por uma pessoa poderia significar que findaria num campo de concentração" comentou Pöhler a respeito daquela era. Essa teria sido "a razão por que excluímos adventistas de origem judaica dentre nossos membros: se uma igreja local não tivesse feito isso, [os nazistas] teriam fechado a igreja, levado o ancião para a prisão e teria significado que a Igreja inteira seria proibida.
Embora alguns adventistas europeus hajam tomado medidas corajosas para proteger judeus, outros agiram desse modo por preocupação com suas famílias e congregações. Seria muito difícil alcançar uma pessoa de origem judaica, explicou Pöhler, mas arriscar as vidas dos membros de uma congregação era uma carga adicional. Tal precaução até se refletiu na nomenclatura usada pelos alemães adventistas", ele disse.
"Mudamos o nome de Escola Sabatina para 'Escola Bíblica'-- evitando o nome original "por causa de representar um risco", prosseguiu Pöhler. "Estávamos no perigo de sermos confundidos com os judeus. Ao recusarmos chamá-la de escola sabatina, estabelece-se uma pequena distância entre você e os judeus", aduziu.
O Dr. Daniel Heinz, diretor dos arquivos da denominação na Universidade Adventista de Friedensau, Alemanha, disse que sua pesquisa revelou casos de adventistas que ajudaram judeus durante a guerra, mas também conduziu à descoberta daqueles que agiram de forma menos honrável.
"Os líderes denominacionais se adaptaram e até adotaram algo da ideologia anti-semítica dos nazistas; em alguns casos, fizeram mais do que o necessário para agradar as autoridades [nazistas]. Isto é algo que realmente nos parece estranho", declarou Heinz.
Ao mesmo tempo, ele disse, "sei que muitos membros adventistas, pessoas comuns, ajudaram os judeus, mas nunca falaram a respeito".
Resistência às políticas nazistas, bem como a compassiva e brava resposta de muitos cristãos, entre eles adventistas do sétimo dia, para proteger vidas daqueles que estavam sob perseguição dos nazistas, têm sido documentada por toda a Europa, inclusive Polônia, Hungria, Holanda e Dinamarca, entre outros países.
"Encontro alguns relatos muito impressionantes de adventistas que ajudaram judeus no Terceiro Reich, arriscando suas vidas, e também encontro o oposto", declarou Heinz. Entre outros membros da Igreja, uma família adventista da Letônia acolheu um homem judeu, escondeu-o durante a guerra, e este sobreviveu. O refugiado tornou-se um crente adventista e um pastor da Igreja após o fim da guerra.
Segundo o Pastor Machel, "sessenta anos após a II Guerra Mundial é tarde--mas vemos isto como a última chance para uma declaração".
Tinha havido tentativas anteriores de fazer tais declarações, conquanto isso fosse em grande medida ignorado ou abafado por líderes eclesiásticos que haviam vivido na era nazista e desejavam evitar que a Igreja agisse como "juiz" daqueles que viveram antes. Contudo, em 1988, no 50o. aniversário da "Kristallnacht", ou noite dos vidros quebrados, em 9 de novembro, quando gangues inspiradas pelos nazistas espatifaram as vitrines de comerciantes judeus e violaram sinagogas, a então Igreja Adventista da Alemanha Oriental emitiu uma declaração em sua pequena revista. Em 1989, durante as celebrações do centenário da Igreja Adventista em Hamburgo, o Pastor Erwin Kilian, presidente da Igreja Adventista do norte da Alemanha, referiu-se àquele "negro período" em seu discurso e ofereceu um pedido de perdão de sua iniciativa. Uma breve declaração adicional foi feita em 1995, quando do 50o. aniversário do fim da guerra.
Os jovens adventistas reagiram positivamente às expressões de preocupação e contrição da declaração. Dois adventistas berlinenses disseram terem apreciado a declaração.
"Revelar humildemente nossos pecados e falhas é a coisa mais importante que Deus deseja que façamos", declarou Sara Gehler, de 25 anos. "E embora 60 anos se tenham passado, penso ter sido necessário que nós, adventistas do sétimo dia, tomemos uma posição quanto à Segunda Guerra Mundial", aduziu ela. "É nosso dever como cristãos proteger e ajudar aqueles que são fracos, desajudados e em necessidade".
Julian Müller, de 26 anos, acrescentou: "Penso ser nossa responsabilidade como Igreja confessar nossos erros e não ocultá-los, especialmente quando vidas humanas estão em jogo. . . . Minha esperança é que pelos erros e falhas de nossa igreja, que se passaram desde então, não se esperemos outros 60 anos para adquirirmos coragem de pedir perdão".
A reação de membros da Igreja na região sul da Alemanha, que inclui cidades como Munique e Nurembergue, onde os nacionais socialistas adquiriram grande força, foi "muito positiva", disse o Pastor Machel. "Alguns haviam realmente esperado por tal medida da parte da liderança denominacional".
A declaração foi também muito bem acolhida em muitas igrejas adventistas internacionalmente. "Estava esperando por um texto como esse por muito tempo", declarou o Pastor Richard Elofer, que lidera a obra adventista em Israel. "Eu louvo ao Senhor por tocar os corações de nosso povo na Alemanha e Áustria para produzirem tal declaração".
E o Dr. John Graz, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa para a sede mundial denominacional: "Para aqueles que crêem no amor de Deus para todo membro da família humana, contra qualquer tipo de discriminação tendo por base raça, religião ou gênero, essa declaração, escrita por uma geração que não teve qualquer responsabilidade no Holocausto e na guerra, mas endossa a responsabilidade de seus pais, permanecerá como um marco positivo e grande incentivo".
Leia também neste site: A igreja adventista apoiu hitler.
Fontes: http://news.adventist.org/data/2005/07/1124218053/index.html.pt ou http://news.adventist.org/data/2005/07/1124218053/index.html.en
Fontes: http://news.adventist.org/data/2005/07/1124218053/index.html.pt ou http://news.adventist.org/data/2005/07/1124218053/index.html.en
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SEU COMENTÁRIO SÓ SERÁ PUBLICADO, SE TIVER SEU NOME E EMAIL, CASO CONTRÁRIO, NÃO SERÁ PUBLICADO. Só será publicado se for para refutação com base. Teremos o prazer de publicar, caso contrário não será publicado.